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GRANDE CANTORIA NO RAMINHO
FESTAS DE S. FRANCISCO XAVIER
01/09/2015
Cantadores: Maria Clara e José Eliseu
Edição e imagem: Hildeberto Franco, do “Kanal das Doze”
Local: Sociedade Recreativa do Raminho
Duração: 46:50
Quadras: 40; Sextilhas: 18; e uma oitava final partilhada.
Quadras:
Maria Clara
Por entre os pastos verdejantes
Saúdo o povo do meu dia-a-dia,
Que hoje recebem os visitantes
A esta nossa freguesia.
José Eliseu
Na costa setentrional
Da linda ilha lilás
Desejo a este pessoal
Saúde, amor e paz.
Maria Clara
Há muita freguesia com sorte
Por ter dimensões especiais
Mas a princesa do Norte
É o Raminho dos Folhadais.
José Eliseu
As quadrículas das pastagens,
Pode haver quem o esconda,
É das mais bonitas paisagens
Da nossa ilha redonda.
Maria Clara
É uma paisagem divina
Para bom observador
Duma freguesia pequenina
Mas que pra mim tem valor.
José Eliseu
Já se foram os Folhadais
Plantados em todos os trilhos
Mas restaram os casais
Que sabem educar os filhos.
Maria Clara
Uma freguesia rural,
Com graça e até bonita,
Que se torna sempre especial
Pr’aquele que a visita.
José Eliseu
Freguesia soalheira
Quando o Verão lhe dá calores;
Berço da única cantadeira
Em exercício nos Açores.
Maria Clara
Um berço ao qual tenho amor,
Um berço que tem bons senhores,
E que recebe o melhor cantador
Em exercício nos Açores. (aplausos)
José Eliseu
Porque ter Maria Clara Costa
Nestas nossas cantorias
É ter uma mesa posta
Com as melhores iguarias.
Maria Clara
Porque ter Eliseu Mendes Costa
É sempre motivo pra honrar,
Que todo um povo gosta
De ouvir em qualquer lugar.
José Eliseu
Quero que os raminhenses sigam
De cabeça erguida pra aí,
Porque mesmo que não o digam
Eles se orgulham de ti.
Maria Clara
Ainda não dou muito tafulho
Nesta história de cantoria,
Mas tenho sempre muito orgulho
De ser desta freguesia.
José Eliseu
Quando de S. Bartolomeu sigo
Para o Raminho, no Verão,
Se me põem a cantar contigo
É um presente que me dão.
Maria Clara
Por tu a mim cantares castigo
E por ajudares toda a gente;
Quando me põem a cantar contigo
Pra mim é melhor do que um presente.
José Eliseu
Quando chegamos a qualquer Festa
E encontro esta donzela
Dou-lhe sempre um beijo na testa
Dizendo que estou com ela.
Maria Clara
O beijo ele hoje me deu,
Esse beijo, em mim, sempre sobressai;
O beijo na testa do Eliseu
É como pedir a bênção ao pai. (aplausos)
José Eliseu
Estás na idade dos desejos,
Como já a teve este Eliseu;
Estás na fase dos beijos
Mas na testa é só eu. (aplausos e risos)
Maria Clara
Um beijo na testa tem valor,
Há muito que sempre o tens feito;
Sinal de apreço e de amor
E um grande sinal de respeito. (aplausos)
José Eliseu
É bom sempre me respeitares
E aceitares beijos pacatos,
Se os quiseres em outros lugares
Arranja outros candidatos. (risos)
Maria Clara
Outros beijos trarão temor,
Outros beijos em outra Festa,
Nunca terão o valor
Daqueles que me dás na testa. (aplausos)
José Eliseu
Sou uma pessoa acarinhada,
Eu beijo idosas e miúdas
E podes ficar descansada
Que não é o beijo de Judas.
Maria Clara
Beijas sempre o arraial inteiro
E eu já ouvi alguns rumores,
Seres o cantador mais beijoqueiro
Das nove ilhas dos Açores. (aplausos)
José Eliseu
Tomo a iniciativa
De beijar, à minha vontade,
Porque na minha saliva
Não há vestígios de maldade.
Maria Clara
Uma senhora já me dizia,
Pus à escuta o ouvido meu,
Que ela só vinha à cantoria
Pra ter um beijo do Eliseu. (aplausos)
José Eliseu
Há dias uma veio pra mim
Antes de uma cantoria
Beijei-a, ela disse assim:
Eu já ganhei o meu dia!
Maria Clara
Nas plateias muito tenho descobrido,
Que algumas senhoras têm rancores,
Que nunca beijam o marido
Mas beijam os cantadores. (aplausos)
José Eliseu
Minha esposa me pôs à rasa,
Como facto que eu destaco,
Que há dias aparecia em casa
Com batom no meu casaco.
Maria Clara
A tua esposa muito aguenta
Tantas saídas que tens no caminho,
Que se ela fosse ciumenta
Já estavas a morar sozinho. (risos)
José Eliseu
Minha esposa tem ensejos,
Embora não venha à Festa;
Eu também lhe dou muitos beijos
Só que nunca é na testa. (aplausos e risos)
Maria Clara
Acabei de reparar aqui,
Estava olhando aqui sozinha,
Tens um pouco de batom vermelho aí
Juro que não foi culpa minha.
José Eliseu
Tu comigo usas meiguice,
Até mesmo sobre escombros;
Maria eu já te disse
Pra não me beijares os ombros. (risos)
Maria Clara
Minha desculpa se manifesta,
Juro que não foi por ser louca;
Tu esticas-te pra me beijar a testa
Enfias-me o ombro na boca. (risos)
José Eliseu
O assunto está divertido
Porque na diversão tu bem lavras;
Maria um beijo sentido
Vale mais que mil palavras. (eu aplaudo)
Maria Clara
Um beijo eu, bonito olhar,
Como já fiz alguns aqui,
Tem o poder de aproximar
Até quem não gosta de ti.
José Eliseu
Porque o beijo tem ternura,
Grande magia ele tem,
Basta pensarmos na doçura
Do beijo da nossa mãe. (aplausos)
Maria Clara
O beijo da mãe não é em vão
E ao filho nunca causa tédio,
Que nas horas de aflição
Ele é o único remédio. (aplausos)
José Eliseu
Até o pai para beijar
Torna-se mais cuidadoso,
E se for depois de ralhar
O beijo é mais saboroso. (eu aplaudo)
Maria Clara
Beijo de pai traz alegrias,
Beijo da mãe traz-nos prazer,
Deles eu tenho todos os dias
E em breve vou deixar de ter. (aplausos)
José Eliseu
Até por consideração,
Que a juventude me perdoe,
Era bonito beijar a mão
E o “Deus te abençoe”. (aplausos)
Sextilhas:
Maria Clara
Acredito que o beijar a mão
É sempre um ato sentido,
Que faz parte da educação
P’lo menos daquela que eu tenho tido,
É um exemplo de tradição
Que não se havia ter perdido. (muitos aplausos)
José Eliseu
Em tempos que já lá vão,
A minha mãe me dizia
Que na nossa Região
Um velho costume havia,
Até de se beijar a mão
Ao padre da freguesia. (aplausos)
Maria Clara
Aquilo que pensa a Maria,
É que há coisas que não se aguenta,
Beijar ao padre da freguesia
É demais e não se sustenta,
Mas também creio que hoje em dia
Foi de oito para oitenta. (aplausos)
José Eliseu
Meus caros concidadãos,
Ao som de cada lindo arpejo,
Digo que além de beijar as mãos
Em casa ou num festejo,
Há o beijo entre irmãos
Eu nunca provei esse beijo. (aplausos)
Maria Clara
O beijo explico porque o senti,
Irmão tua mãe não quis dar,
Sempre que minhas irmãs vi
É sentimento, sem se explicar,
Há uma que beijo sempre aqui
E outra que não posso beijar. (aplausos)
José Eliseu
A tua mão me seduz,
Apesar de não estar erguida,
Abre a tua mão para a luz
E beija na despedida
Esse que está preso na Cruz
E és feliz pra toda a vida!
(aplausos e Maria beija a Cruz)
Maria Clara
É sempre bom tê-lo na mão,
Nas minhas contas sempre alisto,
Tenho-o junto ao coração,
Mas muitos beijos não registo,
Porque os meus lábios dignos não são
De poder beijar Jesus Cristo. (muitos aplausos)
José Eliseu
Beija sempre Aquele que gostas,
Porque quem beija não erra;
Se no beijo tu apostas
Beija nem que seja a serra,
Como o mar beija as costas
E a chuva beija a terra. (muitos aplausos)
Maria Clara
Quando eu vou cantar num salão,
Ou num arraial que se estendeu,
Pra ter minha inspiração
Muito nunca peço eu:
É o crucifixo na mão
E um beijo na testa do Eliseu. (muitos aplausos)
José Eliseu
O Raminho dá-me a rodos
Amizade e alegria,
Gosto de vir aos seus Bodos
Ou de visitá-lo qualquer dia;
Como não posso beijar todos
Então beijo a Maria.
(muitos aplausos e José Eliseu dá beijo na Maria)
Maria Clara
A freguesia não carece
De boas pessoas, sem fim,
Mas elas entre muito aquece
Quando chegas e sorris assim,
Que o Raminho muito agradece
Tudo o que tens feito por mim. (muitos aplausos)
José Eliseu
O Raminho tem de te olhar,
Para que eu também possa;
O Raminho tem de te beijar
Porque esta poetisa é nossa;
O Raminho tem de amar
Esta jóia que é vossa. (muitos aplausos)
Maria Clara
Eu vou deixar a freguesia,
Por mais de um ano e de um mês,
Saudar a minha companhia,
Saudar este povo cortês,
Mas não vai passar um só dia
Que eu não pense em vocês. (aplausos)
José Eliseu
E quando as malas fizeres,
Vais ter esta atitude,
Tu irás beijar se puderes
Tua mãe, mulher de virtude,
Para que o beijo que lhe deres
Lhe traga muita saúde. (muitos aplausos sentidos)
Maria Clara
Deixar o meu pai me conduz
A uma tristeza assim,
Mas deixar aquela que me deu à luz
É mais uma dor que não tem fim,
Porque essa enfrenta uma cruz
Que precisa tanto de mim. (muitos aplausos sentidos)
José Eliseu
Que até mesmo os alfarrábios
Tenham livros desta cantadeira,
Já estás no galarim dos sábios,
Por isso vem pra minha beira
Porque vais ter dos meus lábios
Um beijo da ilha Terceira.
(muitos aplausos e José Eliseu dá-lhe um beijo na testa)
Maria Clara
Depois do beijo que ele veio dar
Em nome dos que se manifestam,
Em seguida meus pais vou beijar
E outros amigos que prestam
Porque eu tenho que aproveitar
Os últimos dias que restam. (muitos aplausos)
José Eliseu
Tua dignidade não belisco,
Nem tão pouco o teu encanto;
Nem tão pouco corres o risco
De beijares, no entanto,
A imagem de São Francisco
E a Coroa do Espír’to Santo. (aplausos)
Oitava partilhada:
Maria Clara: E adeus eu digo a sorrir
José Eliseu: Adeus solteiros e casais
Maria Clara: Adeus porque temos que ir
José Eliseu: São as estrofes finais
Maria Clara: E antes de outros aqui ouvir
José Eliseu: Com redondilhas fundamentais
Maria Clara: Juntos nos vamos despedir
José Eliseu/Maria Clara: Do Raminho dos Folhadais.
Aplausos gerais e os cantadores dão o abraço final.
Os escritos são laços que
nos unem na simplicidade
do sonho... São momentos!
Rosa Silva ("Azoriana")
DATA DE CRIAÇÃO
09/04/2004
A curiosidade aliada à
necessidade criou
o 1º artigo e continuou...
16 ANOS
2020/04/09
Não há rima para o tempo
Mas o tempo é uma rima
Que serve de passatempo
A quem o tempo estima.
Just a piece of me
to the amazing world.
RETALHOS DE MIM
Ser AMIGO afinal
É muito mais que amar
É dizer o que está mal
Sem nunca mal se ficar.
...
Isto não é artimanha
Nem coisa de fazer mossa
Há quem queira e não tenha
Há quem tenha e não possa.
...
Na encruzilhada do ser
Há desejos florescendo
Ansiosos por caber
Na lava que vai nascendo.
...
A poesia é a mais bela
Temperança do viver
Quando crescemos com ela
Mais cresce o nosso ser.
Angra do Heroísmo
ilha Terceira - Açores.
SELO
Azoriana/Açoriana
@ 2004 etc.
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Todo o amor que me lavra
DESTACO
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FONSECA DE SOUSA
SAPO: O prémio
Naturalidade:
Neste espaço residem pequenos fragmentos da alma serretense.
Um residente classificou-a como sendo fresca no clima e quente na hospitalidade. É, sem dúvida, uma freguesia fresca, pequena mas com uma grande alma.
É um "Cantinho do Céu", como a autora lhe chamou num dos seus artigos publicados.
Sob o pseudónimo de Cidália Miravento e na capa de "Azoriana", Rosa Silva vai reunindo coisas suas e de outros no intuito de divulgar a freguesia que lhe deu berço - SERRETA.