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Açoriana - Azoriana - terceirense das rimas

Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana). Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1

Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos

Em Criações de Rosa Silva e outrem
Histórico de listagem de títulos,
de sonetos/sonetilhos
(total de 1013)

Motivo para escrever:
Rimas são o meu solar
Com a bela estrela guia,
Minha onda a navegar
E parar eu não queria
O dia que as deixar
(Ninguém foge a esse dia)
Farão pois o meu lugar
Minha paz, minha alegria.
Rosa Silva ("Azoriana")

Amarrotada na estrada! (1)

09.01.05 | Rosa Silva ("Azoriana")

"Amarrotada na estrada"

Uma carta encontrada na estrada por um casal que passeava num Domingo à tarde. No dia 25 de Janeiro de 1998.

Este casal tinha um filho vivo. Tivera outros filhos mas a nascença fora interrompida por malformações irrecuperáveis. Restara aquele filho que era o enlevo dos pais. Só que estes pais desconheciam as peripécias deste filho, que julgavam puro da cabeça aos pés. Não tardava a fazer anos. Até pela estrada fora já falavam da festa surpresa...

Eis que a carta lhes coloca a curiosidade de a recolher daquele chão um tanto enlameado pela manhã de chuviscos. Afinal, esta carta estava amarrotada mas percebia-se na letra graúda, um nome... Este nome... Não é!? O homem foi quem a buscou do chão mas a mulher depressa a arrancou das mãos do marido, sem pensar, mas coração de mãe tem essas coisas, acertou-lhe em cheio aquele nome... (há muitos nomes iguais, não é mesmo? E até pode nem ter nada a ver com esta pacata família). (...). [Pausa]

A mãe começa a ler a carta, com alguma dificuldade:

"Ermelindo venho dizer-te que o crime ainda não está esquecido. Vou apanhar-te e nessa altura vais saber o que é um castigo, o que é a dor de sofrer pelo que fizeste. ass.:.........".

Fica a mãe a pensar: Que crime é este? Quem escreveu esta carta?

O começo:

O Ermelindo é um jovem bem-educado, muito participativo na vida escolar, da paróquia e familiar. Mas, há sempre um mas, na vida das pessoas, passa muito tempo na net. Tem um nickname e passa a vida nos chats perdendo-se e fazendo quem por ele se “agarra” perder-se de “amores e promessas”. Alguém descobriu… e parece que o Pai também anda “nisso”.

A mãe do Ermelindo, a D. Belmira Estrela é uma senhora extravagante... moderna... Mas também muito rígida com a família.

Doroteia… Dory p’rós amigos, amiga do Ermelindo e quem sabe a possível autora da carta amarrotada. Na “casa” dos trintas e poucos anitos…vive sozinha, algures no sul do País. Funcionária de uma empresa de pronto a vestir e sócia (com uma outra amiga) de um restaurante onde se come muito bem. Isto, segundo informações que ela foi “passando” ao Ermelindo.

Entretanto, D. Belmira Estrela fica chocada... Fica num alvoroço. Mas será mesmo a carta destinada ao seu querido, estimado e educadinho filho!? Mal pode acreditar que seja verdade... Um Crime!? E eis que começa num choro compulsivo, acudida pelo marido, que a segura, um pouco trémulo, pois pela testa já lhe começavam a surgir umas bolinhas de água de susto... Algo previa... Algo estaria prestes a fazer tremer aquele lar tão bonitinho...

Belmira Estrela não queria acreditar no que lia...e ao mesmo tempo que passava os olhos por aquele pedaço de papel amarrotado, apanhado à beira da estrada...seu pensamento vagueava pelo seu passado, e pela sua mocidade. Lembrava-se do seu tempo de estudante (sim porque estudara e até tinha feito o Magistério Primário e se tinha formado em professora primária). Nunca exercera...pois quando estava de casamento marcado, Antonino lhe dissera que teria de escolher entre constituir família e trabalhar. Ser mulher casada, ser esposa, também era profissão e assim cedeu ao capricho do seu António. De princípios algo rígidos com a família e marcada pela vida...soltava a sua frustração na forma como se vestia, nas suas pequenas extravagâncias...no seu nariz empinado e num orgulho algo ultrapassado...

E agora? Que crime era aquele? O seu querido filho Ermelindo?