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Açoriana - Azoriana - terceirense das rimas

Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana). Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1

Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos

Em Criações de Rosa Silva e outrem
Histórico de listagem de títulos,
de sonetos/sonetilhos
(total de 1013)

Motivo para escrever:
Rimas são o meu solar
Com a bela estrela guia,
Minha onda a navegar
E parar eu não queria
O dia que as deixar
(Ninguém foge a esse dia)
Farão pois o meu lugar
Minha paz, minha alegria.
Rosa Silva ("Azoriana")

Amarrotada na estrada! (4)

09.01.05 | Rosa Silva ("Azoriana")

Entretanto na moradia dos Estrela, Ermelindo finalmente surge espreguiçado e um bocado tonto.

- Ermelindo! O que é isto!?

- É um papel... Respondeu ele, nas calmas de uma ressaca monumental da secura na garganta, à pergunta intempestiva da D. Belmira.

- Um papel!? Meu filho é uma ameaça para ti... Que andas tu a fazer nas nossas costas?

- Mãezinha, o que é isso? Eu não fiz nada... Aliás, tenho de sair. A Dory quer falar comigo. Estou atrasadíssimo...

- Não, Senhor! - Ordena ela num tom brusco e explosivo - Não sais enquanto não me explicares o que isto significa...

Ermelindo já não suportava o inquérito policial da mãe. Agarrou no papel e olhou-o fixamente, lendo-o de alto a baixo:

- Mãe! Este Ermelindo não sou eu!

 

O Ermelindo ao dizer isto à mãe saiu porta fora para ir ter com a Dory. Foi encontrá-la no lugar preferido deles, um monte perto de um lugar onde o sol estava a brilhar e uma pequena brisa fazia esvoaçar os cabelos longos e sedosos de Dory.

Chegou perto da Dory e ela perguntou:

- Ermelindo, quem era aquela mulher?

- Oh, querida! Era apenas uma pessoa que estava no bar com quem eu falei enquanto esperava por ti.

Ela olhou para ele com olhar envergonhado e ele deu-lhe um beijo que a deixou quente de forma a responder ao mesmo.

Clarisse da Purificação viu este beijo e foi embora. Ermelindo levou então a Dory para o lugar secreto deles e diz-lhe que a mãe descobriu a carta mas não sabe se a conseguiu despistar.

 

Durante três longas noites Belarmino quase não dormia. A mulher ia-lhe perguntando o que se passava, já que o seu desassossego era notório.

- Nada mulher, coisas do serviço – dizia.

Lá no seu interior mais recôndito, ia pensando na Eugénia, no que lhe tinha dito, no que tinha visto e desejado, ao mesmo tempo que, olhava para quem ao seu lado estava e lhe tratava de tudo. No fundo, em momentos efémeros, até sentia algo por ela mas seria o que sentia agora pela Eugénia?

Ao terceiro dia resolveu ir falar com o filho, uma daquelas conversas de “atirar verdes para colher maduras”.

- Olha lá filho, aquela tua amiga... A tal de... Ifigénia ou lá o seu nome, que faz ela? – Perguntou.

- Ifigénia? – Não será Eugénia? – Respondeu.

- Aquela que me apresentaste no café, talvez seja esse o nome.

- O nome dessa é mesmo Eugénia. Trabalha num consultório de advogados ali para os lados da zona fina da cidade. Porquê?

- Por nada em especial. É que ontem estive no aeroporto, e pareceu-me ser ela que ia embarcar com um senhor todo bem-posto para Lisboa – Respondeu sem intenção de continuar.

- Não deve ser então ela Pai. Ela, além de ser solteira, não tem ninguém de momento, que eu saiba é claro.

- Tudo bem filho, deve ter sido mesmo impressão.- Respondeu como quem mais nada quer saber.

Com esta informação, algo preciosa para ele, e já no serviço pôs-se on-line para falar com a Eugénia.

Ela foi a primeira a teclar.

- Olá! Bom dia Antonino das Bicas...rss – disse ela.

- Bom dia...minha Kamala. – Respondeu.

- Então, como vai tudo pelos teus lados? - Perguntou ela.

- Já tomei uma decisão, e queria dar-ta mas, teria que ser frente a frente, ao vivo. – Disse.

- Quando e onde? – Perguntou ela?

- Sabes aquele restaurante ali para os lados do jardim, com esplanada? Às 13:00 lá. Pago o almoço.

Belarmino, todo boneco lá chegou ao tal restaurante 15 minutos antes da hora. Nervoso, lá pediu uma mesa com vista para o mar.

- Mesa para dois – disse.

Eugénia, depois de um banho relaxante, no meio de espuma de sais de banho, perfumou-se, arranjou-se, retocou o baton e o risco nos olhos. Saiu porta fora toda exuberante, como se este dia fosse ser o primeiro do resto da sua vida.

Belarmino, pacientemente, aguardava pela chegada da Eugénia. Já tinha, entretanto, bebido um Martini seco.

(Continua)