Apontamento pessoal sobre as Festas (de âmbito civil ou profano) da freguesia da Serreta
É costume ouvir dizer, sempre que se fazem peditórios para a Festa da Serreta, que se realiza na segunda semana de setembro de cada ano, que o Santuário é “rico”, que tem dinheiro para fazer as festas de âmbito civil ou profano e podia dar um grande quinhão para todos os dias da festa noturna. E porque não o tem feito ou faz?! Espero um milagre!
Se o faz com algum “donativo” é se tem ordem superior ou vontade de quem comanda os destinos das promessas. Cada pessoa que dá ouro em brincos, anéis, etc e dinheiro em numerário ou outro tipo de valores é porque passou por grande desgraça e se despoja dos bens materiais como forma de agradecimento a Nossa Senhora dos Milagres pela graça obtida. Usar esse dinheiro para a festa profana é como que fazer daquela ação um divertimento, que o próprio peregrino não tinha essa intenção. Penso que o pagador da promessa não irá ficar satisfeito de ver a sua oferta por outros caminhos. Enfim, a Festa da Serreta propriamente dita realiza-se de sábado a quarta-feira, conforme a tradição. A exceção tem acontecido na quinta-feira com uma vacada que alguém resolva patrocinar.
Deixa ver se explico bem a mensagem que quero passar ao povo da ilha, da freguesia e fora dela, nomeadamente aos emigrantes, “filhos” da freguesia da Serreta:
“Vamos trabalhar por Nossa Senhora” é o lema que constantemente me assalta a mente.
Para o ano de 2016 fui nomeada mordoma da festa, com mais três elementos: Paulo Simão, Sónia Melo e Dinarte Pavão.
Seja com rifas, seja com festivais (alcatras disto ou daquilo, sopas, etc.), ofertas, donativos e patrocínios diversos, são ideias para o melhor caminho a procurar para financiamento da festa diurna e noturna. Vejamos:
* No sábado é tradição haver o concerto da Filarmónica Recreio Serretense e o fogo preso.
* No domingo da missa solene e da procissão da Nossa Senhora dos Milagres, a parte noturna é patrocinada por apoios de quem quer ajudar a ter algo para diversão.
* Na tradicional segunda-feira (e que vem tendo despacho governamental para tolerância de ponto para a ilha inteira) há a tourada na praça, abrilhantada pela Filarmónica Recreio Serretense. Há custos que também tem de ter apoios de aficionados ou não. À noite convém continuar a divertir o povo que não se quer triste porque já bem basta alguns dias tristes do ano.
* Na terça-feira é ocasião também para o tradicional Bodo-de-Leite, com o que melhor se puder arranjar, mas que tenha alguns animais para serem benzidos pelo Reitor do Santuário, ou então nada feito. Da parte da tarde há a procissão de Santo António com a distribuição de merendeiras (“brindeiras”) e a brilhante atuação da Filarmónica de Recreio Serretense. Claro que à noite é necessário divertir o público que espera sempre ter algo de jeito para ver e ouvir.
* Na quarta-feira, vem de longa data, a tourada na via pública, junto ao Santuário, com um arraial marcado com os riscos nos lugares habituais e em todos as canadas, início e fim da mesma, e com toda a espécie de licenças e taxas, segundo ouço falar. Nunca estive integrada numa ação destas mas vai caber-me, junto com os restantes mordomos, essa tarefa que custa mais a quem a dá do que a quem a vê.
* Se for para continuar com uma vacada na quinta-feira só se for implorada e patrocinada em tudo, porque é sempre mais a gosto dos emigrantes que voltam à sua freguesia natal e estão saudosos de ver “uma brincadeira” na praça da Serreta.
O fim é que é nostálgico… Vê-se a Serreta cheia e barulhenta e depois fica o silêncio de casas, ruas e pessoas. Talvez só fiquem descansados os que foram nomeados mordomos, depois de tanto fazer para ter uma festa apresentável e digna de boa lembrança, e com caminhos varridos de toda a espécie do que se “atira ao caminho”. Precisa zelar-se pelo ambiente e não lixá-lo.
Valha-nos Nossa Senhora dos Milagres e os que sabem orientar-nos na execução de tudo a gosto do freguês, por já terem feito as mesmas tarefas de angariação de fundos, em anos anteriores.
O “Pão-por-Deus”, o S. Martinho, o Natal, o Carnaval, a Páscoa, os Bodos do Espírito Santo, o Dia da Freguesia, a oferta dos “filhos” emigrados da freguesia, os peditórios anuais, etc, serão sempre oportunidades de se fazer algo a favor da Festa da freguesia mais pequena na população e maior na devoção.
O que de ti desprenderes
Mesmo em pouca quantidade
Serve para ofereceres
À nossa necessidade
E serve para receberes
Honras da localidade!
Escrito em 22 de setembro de 2015, com validade prolongada e ao vosso dispôr desde agora até 2016.
Rosa Silva (“Azoriana”)