As ribeiras correm para o mar
Não é de agora, sempre foi assim. A água desce, não tem travão, acelera até chegar à meta, em descida. Quanto mais baixa for a descida mais a água acelera.
Ainda recordo, como se fosse hoje, as alturas que chovia a cântaros e a rua da Miragaia não suportava o caudal de água, ao ponto de, nos entrar todo o tipo de sujidade por casa dentro. Tínhamos tudo encharcado no “andar de baixo”, como se dizia, e a água trazia o que de pior os nossos olhos queriam ver, pois além do que era nosso, trazia o que era alheio.
Enfim, essa foi uma das tristes lembranças que ficaram quando a água volta a ser tema de susto e debate.
Calçada sem estar bem “colada” em lugares pontuais de escoamento brusco de águas é de acautelar com cimento e pronto.
Portas com entrada rasa com o passeio é de pensar ter uma “aba” implantada para fazer a água mudar o rumo e não infiltrar-se portas adentro.
Tampas de esgoto no interior da residência é um chamariz para a desgraça. Devem ser mudadas para o exterior, em zona que ligue ao esgoto geral, com “fechadura” interna, em caso de chuva forte.
Não sou técnica, nem percebo de obras desse porte, mas imagino que todas as vezes que vier um “dilúvio” vai haver sempre o mesmo espetáculo aflitivo e dantesco.
As forças da natureza são impossíveis de travar de forma “baratinha” ou fácil. Há que investir, primeiro em bons técnicos e depois, em matéria que mude o estado da calamidade.
Já se sabe que construções ao pé de ribeiras e grotas são de risco elevado. Já se sabe que água e fogo são os maiores prejuízos que temos pela frente quando surgem de repente. Perante essa perceção não há santo que nos valha, só mesmo o valimento de quem trabalha com boa orientação técnica.
Rosa Silva ("Azoriana")
Nota: A propósito do artigo do DI - Diário Insular de hoje (8/9/2015)