Canção de sonhos (in [Pergaminhos])
Estou no parapeito da escrita
Com alisares da crua história,
Onde não há qualquer outra glória,
Que não seja a que me é, por vozes, dita.
A voz, em eco, se faz ora manuscrita
Para voar, em céu anil, da memória,
E, ainda, mais por novel trajetória,
Na voz de alguém que sempre acredita.
Acredita que na ilha, boa-nova,
Há sempre o tino que nos põe à prova
Nos ares prudentes de uma canção.
Uma canção de amor, sem ser cantada,
Na valsa da terra, no véu da enseada,
Nos meus pergaminhos é que os sonhos vão.
Rosa Silva ("Azoriana")