Eu também sou de mudanças (... e gosto de catos)
Mudo de lado para lado,
Desde os meus tempos finitos,
Por não querer tudo selado,
E não me causar atritos.
*
Gosto de grande mudança,
Das peças do dia-a-dia,
Sem manchar a confiança,
Nem perder a cortesia.
*
Gosto de ver a limpeza,
A ordem, de bom preceito,
Vou moldando a natureza
Quando me dá algum jeito.
*
Quando eu for a sepultar,
Só se muda a terra fria,
Com os catos a enfeitar
A ossada tão vazia.
*
E se escreverem de mim,
Só quero que haja respeito...
Digam apenas assim:
«O bom também tem defeito».
*
E os defeitos que tive,
Não lhes dei muita guarida,
Em alguns nem me detive
Ao longo da minha vida.
*
Rosa Silva ("Azoriana")