Fragilidade
Eu se fosse uma rainha
Na certa coroa tinha
Nestes mares de anil;
Sou da ilha de nascença
Na saúde e na doença
Da cabeça ao quadril.
Sou apenas o que sou
O que herdei de meu avô
De meus pais a seguidora.
Também sou fragilidade
Cruzes tenho à-vontade
E a veia inspiradora.
Peço a quem ora me lê
E que na rima até crê
Como boa terapia:
Receba de coração
Os reflexos da inspiração
Mesmo com "dor" neste dia.
O sol que brilha lá fora
Se esconde em mim agora
No campo da solitude.
Sou uma pedra d'asfalto
Que não se atira do alto
Mas nele pensa amiúde.
A tristeza não se alegra
Neste vale desintegra
Em linhas escurecidas.
No meu canto a pensar
O quanto vou aguentar
Entre as vindas e mais idas.
Eu vou ao céu, volto à terra,
Eu vou ao mar, volto à serra,
Vaivém de tantos sarilhos...
Quem pudesse comandar
E grande abraço mandar
A quem renova meus trilhos.
Rosa Silva ("Azoriana")