O brinde
Amigos de cá ou lá
Eu sei que podia ter
Na América, Canadá,
Bem mais que pudesse ser.
Visitar também queria,
Levar o dom que Deus deu,
Celebrar a Cantoria,
Ao peito do verso meu.
Mas tenho a dor maior,
De não ser aventureira,
De me render ao pior,
Que é "atar-me" à cadeira.
Uma cadeira de ilusões,
De amores e de penares,
De medos e frustações,
De risos e menos esgares.
Sobretudo a inveja,
Quero de mim afastar,
E não haja quem se veja,
Na pele do meu lugar.
E viva mais quem por bem,
Se abeire por ser querido,
O dobro tenha também
Do que tenha em sentido.
Um beijo e um abraço,
A quem me queira salvar,
De ver flores no regaço,
Pelo que possa doar.
A ti, que ora me lês,
Com gosto ou nem por isso,
Não contes mais do que vês,
Só conta o bem por serviço.
Rosa Silva ("Azoriana")