Os bens (poucos) deste mundo
A pior humilhação
Porque passa uma pessoa
É dor e consternação
Quando a morte não entoa.
Prendem-se a coisas terrenas
Muitos seres neste mundo
Sobra pouco e quase apenas
O que se fez de fecundo.
Já vi almas se prenderem
Aos bens que têm nesta terra
Fazem tudo para ofenderem
Outros que não querem guerra.
Ó Menino de Belém
Vinde ao mundo nesta hora
Fazei com que haja bem
Em cada lar sem demora.
Quem vive toda uma vida
Nos prazeres da riqueza
Tem o mesmo à partida
Dos que vivem na pobreza.
Viemos nus, sem agasalho,
Vamos da mesma maneira,
Só resiste o trabalho
Que se fez a vida inteira.
Na hora que a balança
Pesar a nossa conduta
Há de haver peso que avança
E outro terá disputa.
Repartir cada quinhão
Que em vida se produz
É ganhar a salvação
Na balança de Jesus.
Rosa Silva (“Azoriana”)