Pensamento(s) do dia
I
Há coisas que não fiz e devia ter feito,
Há coisas que fiz e que me arrependo,
Há outras que fiz por mero respeito,
Há outras ainda que em nada emendo.
Quem perde uma mãe como eu perdi,
Com a morte que é o fim universal,
Só entende a falta que sente em si
Quanto maior for o apego maternal.
Uma mãe não pode ter substituição.
Quando vai, fica a sua educação,
Que vale pelo que outrora recebeu.
Por muito que se queira reeducar
Um filho que não tem a mãe no seu lar
Custa mais que educar um filho seu.
II
Não posso abrir a porta às ideias minhas
Que as sinto vir como voo de andorinhas,
Num céu de cinzas e cores de oscilação
Entre o murmúrio risonho de uma estação.
Há tanto sol por abrir entre as estrelinhas,
Que fico áquem do que dizem as entrelinhas
Duma folha escrita e que, da palma da mão,
Voa, em direto, por vias de qualquer razão.
E eis-me, assim, envolta nos cantos meus,
Perdida em ideias de "louvado seja Deus"
Que sabe como fazer para provar o Amor.
Deus é o antídoto do desalento e da dor,
Que não me deixa ver mais do que já vejo,
Somente ter nas ideias um bom desejo.
Rosa Silva ("Azoriana")
2014-03-11