Por causa de um dia: 16 de outubro de 23
Lindos tempos de menina
Ou senhora ainda nova
Tudo era uma rotina
Que me punha sempre à prova
Que agora a Graça Divina
Me dê sempre boa trova.
Que eu não caia em desalento
Que eu não finja a alegria
Bordada de algum talento
Siga em paz o dia-a-dia
Mas se houver algum tormento
Que não seja de agonia.
Que se lembrem do que fui
Mesmo não sendo certeira
Há sempre algo que influi
De uma forma pioneira
No presente se conclui
Que fui Rosa verdadeira.
Fica aqui o meu afeto
A quem afeto me deu
Debaixo do mesmo teto
Muita coisa aconteceu
Mas o discurso direto
Em verso é dom que é meu.
Choro lágrimas de papel
Riu com outra vontade
Cirando neste painel
Fugindo à realidade
Deixo à tona algum mel
E abraço a tempestade.
Por não saber até quando
Darei voz às falangetas
Escrevendo vou regando
Palavras que não são tretas...
Vivam tudo, tudo em bando
Ao invés serão pernetas.
Rosa Silva ("Azoriana")