Quase um mês depois... [Escrito tirado da gaveta]
A vida de cão é latir
A vida de gato é miar
A vida da gente é fugir
De quem nos atrofiar.
Perguntaram se eu escrevia...
Escrevo quando apetece
Conforme a cor do dia
Ou se a ode acontece.
Neste caminho exato
Quando olho para mim
Sinto que tenho um fato
Nem de seda, nem cetim.
Estou num barco à deriva
Com a proa sem se ver
Se virem que estou viva
É fuligem podem crer.
Tanto erro que já vi
Nesta minha caminhada
Com o lápis escrevi
Sem a ponta apontada.
Escrita grossa em direto
Num papel alvo de neve
Com o toque do afeto
Que também me chega leve.
Não foi em par que acabou
A escrita espontânea
Nem importa o que soou
Importa é a coletânea.
24/08/2021
Olho a fuligem da serra
Prós lados da Ribeirinha
Que se espalha pela terra
Um areal se adivinha.
Estranho os novos ares
Em repentino avanço
Enquanto em outros lares
Há um risonho mar manso.
30/09/2021
Rosa Silva ("Azoriana")