Sabendo que a vida é dura
Sabendo que a vida é dura
Em novelos de amargura
Vai-se tentando coser:
Cose-se a esperança
De haver uma mudança
No pano de entardecer.
Houve o pano da nascença
Foi traçada a sentença
Numa linha multicor;
Ao pouco vamos bordando
A sorte que vez em quando
Temos se houver amor.
O amor pela escrita
Torna a linha bonita
Encruzilhada do ser:
Há momentos infelizes
Como há linhas matizes
Que alegram o viver.
Quem não sente uma dor,
Um remendo indolor,
Na passagem em corrida;
Somente quem está a zero
E num pano mais severo
Já desbotado de vida.
Rosa Silva ("Azoriana")
P.S. Inspirada no escrito de Liska Azevedo e comentário de Fernando Mendonça in Facebook