Um poema
Só, às vezes dou por mim, sem me ver,
Recôndita na minha concha fria,
Que para alguém nem sequer, a cru, se via,
Um cálice de ânimo de bem-querer.
Não quero, e não posso, ficar em mim,
Corpete de cantar, sem sal na voz,
Sem tal maresia, do ser veloz,
Que me versa qual clarão de alfenim.
Enfim, nasce um poema, todo meu,
Esculpido na valsa de um "Cireneu"
Que nem me ajuda a carregar a cruz...
Se a cruz fosse a sorte que me faltava?!...
Deixem que ela me soletre, toda brava,
E me faça acreditar que sou da Luz.
Rosa Silva ("Azoriana")