Vamos à toirada?!
Por vezes quando há toirada
Vê-se que há povo atento
E quando se vê marrada
Há logo algum desalento.
Vão pais, tios e irmãos
Cada qual com seu feitio
Mesmo sendo bons cristãos
Só o "quinto" é que os viu.
Vem gente do estrangeiro
Com amigos quantos queira
Trazem abundante dinheiro
Para gozar na Terceira.
Lava-se a casa e a cozinha
Até o quintal se enfeita
Muita iguaria já tinha
P 'ró "quinto" na mesa feita ...
E aquele que não concorda
Com reboliço algum
Corta logo a sua corda
E não há gosto nenhum.
Quem é vivo e mais novo
Prefere o arraial;
Sua atitude eu louvo:
Bravo capinha local.
Se a festa não entoa
A quem está louco ou doente
É mesmo dessa pessoa
Ficar logo descontente.
Porém nossas criaturas
Amantes duma toirada
Andam mesmo às escuras
E até alta madrugada.
Se há mulher de quero e mando
Cercada de mordomias
Dá gritos de vez em quando
Na toirada destes dias.
Se o toiro a alguns fizesse
Uma investida anormal
Talvez a gente tivesse
Menos crise em Portugal.
Fazia-se uma limpeza
Em quem não tem esperança
De nos dar uma certeza
Em termos boa mudança.
Mas ninguém quer arbitrar
Uma marrada abissal
Preferem ver vegetar
Quem anda em estado final.
Agora para não maçar
Com história torcida
Vou fazer por abraçar
As alegrias da vida.
Por muito que alguém diga
Sobre as crises de agora
Que o nosso "Olé" prossiga
Na boca que vem de fora.
Rosa Silva ("Azoriana")