Vem [a Zeca Medeiros]
num banho de alfazema
de uma torneira de luz
no peito de um poema
a nova Páscoa [sem Cruz].
no rescaldo de um pranto
que se desfez sem pecado
no verso que segue santo
sem o soneto c'roado.
no corpo alvo de abril
do ano de vinte e três
dois mil que já é senil
e pobre mais que uma vez.
tu que tens voz de requinte
de solene rouquidão
quem me dera ser ouvinte
dos tons que meus versos dão.
Rosa Silva ("Azoriana")