Vivenciar a solitude
Solitude não é solidão. Solitude é querer estar só mas partilhando companhia favorita. É um estado de presença apenas e só.
Cada vez temos mais amplitude de técnicas várias. Uma delas, o objeto mais cabal e atual, é o telemóvel e todas as funcionalidades incorporadas de forma a termos o mundo na nossa mão, ao alcance de um toque mágico da polpa dos dedos, sejam mais carnudos ou não.
Conseguimos ver em tempo real o que o outro está a fazer se o vídeo for possível.
Conseguimos "enganar" apenas o sentimento oculto no ser, mas que pode transparecer no olhar e na atitude e/ou movimentos mais ou menos percetíveis. Quem seria o inventor da solitude?
Todos!
Exceto os solitários física e mentalmente.
Na solitude eu me invento
No trilho de cada momento
Na vivência diária
Porque a vida é mesmo assim
Toca a todos e a mim
Duma forma solidária.
Solitude é diferente
Da solidão que presente
Pode dar cabo de nós
Solidão é isolada
Não se quer vista em nada
Nem tão pouco alta voz.
Solitude é de quem
Partilha o que de bem
Sente em profundidade
Pode calar o segundo
Mas o verbo é fecundo
No que toca à amizade.
Viver um passo adiante
Torna a vida interessante
Exceto na solidão;
Esta é mais prisioneira
Enquanto vejo a primeira
Ser parente da união.
Rosa Silva (“Azoriana”)